Um dia - e uma vida - de trabalho

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Estava aqui sentada, em frente ao meu querido computador (sim! sou apegada aos meus aparelhos eletrônicos - notbook, iPod, minhas câmeras digitais...), pensando no que escrever e, ao mesmo tempo que muitas coisas passam pela minha cabeça, nada me parece digno de se tornar um post.

Aí, páro e penso: por que algo tem que ser digno? Por que algo tem que ser merecedor de vir a público num blog tão despretensioso, tão caseiro, um blog "de amigos"? Por que eu não me sinto a vontade de vir aqui e simplesmente choramingar porque tive um dia ruim, porque briguei com alguém importante, ou porque estou de TPM?

Nesses últimos 10 anos, desde que entrei pras Ciências Sociais e me reconheço como tal - afinal, como diria Weber, é preciso se reconhecer como perncente para fazer parte do tipo ideal - tenho que pensar no que digo, não posso NUNCA parecer burra, medíocre, não posso nem me dar ao "luxo" de ser normal. Posso dizer que assisto novela, desde que isso seja algo que mostre o quanto eu tenho personalidade forte. Posso dizer que sou religiosa, mas porque minha religião é o candomblé, o que já quase se caracteriza como uma contra-religião. Tenho que estar sempre sabendo o que está acontecendo no mundo, e o pior: ter uma opinião sobre isso.

Isso é muito cansativo, mas ontem, quando eu estava dando minha aulinha de sociologia, fui confrontada por um aluno. Ele não disse nada que me ofendesse, não baixou o nível ou coisa assim, mas, em meio ao meu raciocínio, ele sai com uma pergunta "cabeluda", que pouco tinha a ver com o que eu estava falando, mas era, claramente, uma maneira de "me pegar", de poder mostrar pro resto da sala que a professora não é "tão inteligente assim".
E o pior: eu não sabia a resposta! Enrolei... usei meus conhecimentos de geografia e história pra dizer que a pergunta era complexa e que teríamos que pensar em outros contextos socio-econômicos, e o cara se deu por satisfeito, com olhar tristonho por não ter me pego. E eu não fazia idéia do que eu tinha respondido. No final da aula, corri pro oráculo - google - e fiz uma breve pesquisa pra saber do que se tratava a pergunta do aluno e ví que eu tinha respondido certo....
Respirei aliviada e agradeci a esses 10 anos e aos tantos mestres das Ciências Sociais que nunca me deram a liberdade de ser mediana, de ser medíocre. É sempre bom poder sair por cima da carne fresca!

Mantra do dia: sempre tente olhar os outros de cima, mesmo que para isso seja necessário usar plataformas!

4 Flâneurs:

Malu Andrade disse...

kkkkkkk muito bom!!!Neide,só cuidado pra não cair do tamanco...rs

Anônimo disse...

é, neguinha, "vivendo e aprendendo a jogar. bjo

Unknown disse...

Você cansa a minha beleza!

Unknown disse...

Vou me retratar...
Meu comentário neste post pareceu estúpido, mas não era este o sentido...Esqueço que aqui no mundo das letras o tom da frase não aparece..logo eu fui SUPER ESTÚPIDA e BURRA!
É isso mesmo assumo minha burrada!
Mas vamos ao que realmente interessa...O que a Sy retrata aqui é impressionante, pois existe uma "cobrança" para a inteligência e disponibilidade desta, e acho que isso cansa...tem horas que não dá e queremos ficar pensando em nada e nem ter opinião para tudo... é isso!
bom.. beijos e desculpem meio jeito burro e estupido de ser!