Aula de português para os males da vida

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


Metáfora: emprego de uma palavra em que a significação natural desta é substituída por outra, por virtude de relação de semelhança subentendida; sentido figurado; imagem; figura.

Eu adoro metáforas!
Mas eu gosto é das metáforas simples, quando eu posso dizer alguma coisa muito complicada usando uma bobagem como idéia. Pra mim, a metáfora nunca foi a matéria da aula de português que eu tinha que decorar porque ia cair na prova. Tinha o hipérbato, o polossíndeto, a elipse, aliteração e metonímia, mas nenhuma figura de linguagem fazia parte da minha vida. Só a metáfora.

Eu tive uma professora de literatura, a Lilian, que era genial. Ela ensinava a gente a olhar o mundo, a descobrir as coisas fora dos livros, mas junto com a beleza da poesia. Com ela aprendi amar Manuel Bandeira.
E quem não amaria um homem que consegue explicar a dor da rejeição de amar e não ser amado, desta maneira:


Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração eu tinha
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
(Porquinho da Índia)

E foi deste jeito que entendi o que é metáfora. Porque eu já sabia como era gostar de alguém, leva-la pros "lugares mais bonitos, mais limpinhos" e esta pessoa querer mesmo é "estar debaixo do fogão". Foi assim que eu comecei a ver que a natureza - o temporal que cai na praia quando você desceu doida pra pegar Sol - é uma metáfora da vida cotidiana.

O problema é que na escola não nos ensinam em forma de poesia o quanto as metáforas da vida podem ser amargas. Ensinam para gente, como diria Drummond a "procurar bem... a poesia (inexplicável) da vida". Mas não nos ensinam o que fazer se, mesmo procurando bem, a gente não encontra-la.

Mantra do dia: a felicidade não é apenas como a plantação de feijão, que a gente cultiva para colher, mas é como o petróleo, escondida, precisando ser procurada. E não é todo mundo que a encontra!

4 Flâneurs:

mmeira disse...

tudo isso só me faz pensar que a minha metáfora do momento é a caixa preta que se espalha pela cidade.
que te faz pensar, que te faz refletir sobre aquele corpo negro estendido no chão com uma enorme EXCLAMação...

=)

Unknown disse...

Que legal esse texto, mas confesso que depois que eu sai da escola esqueci de tudo que aprendi lá,rs!

Então dia 12 eu venho aqui te dar os parabéns!

Beijão!

Malu Andrade disse...

talvez existam porquinhos que queiram sair do fogão Neide!

Unknown disse...

Tenho que concordar com a Malu...
Mesmo que pareça impossível...

Bjs