República do "eu não sabia"

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pára tudo!!!!

E a Luana Piovani e o Dado Dolabella que não estão mais juntos?!
Como assim???? O fim deste relacionamento é, pra mim, o fim da crença de que todo mundo, por pior que seja, sempre encontra o seu par. Porque, pensem: onde a Luana Piovani vai encontrar alguém que seja tão escroto quanto ela, tão ridículo quanto ela, que pense que é ator, assim como ela pensa, se não o Dado Dolabella??? Eles eram o casal perfeito, a tampa da panela!
Mas tudo tem um lado bom: eles separados não se reproduzem, o que aumenta minha esperança na diminuição da bestialidade mundial (apesar de que a mãe dos idiotas sempre está grávida, como eu disse posts atrás).

Mas o divertido disso tudo não é a separação em si, mas como ela aconteceu, o desenrolar dos fatos. Além do fim da relação, ainda teve sopapos sobrando pra quem tivesse perto, que foi o caso da camareira da Luana Piovani que ficou com o braço imobilizado por apartar a briga do casal.
Aí, a Luana Piovani escreve em seu blog:

Ufa! Escrevo aqui para dizer que me livrei duma roubada... Ia me casar com alguém que não conhecia...

Como assim "não conhecia"????? A parte de que ele é uma roubada, ok, concordo, mas, D. Luana, acho que a senhora ficou tempo demais no planeta do Pequeno Principe, afinal, onde a senhora estava quando isso aqui aconteceu:




Na verdade, depois que o Lula disse que não sabia de nada na história do mensalão, qualquer brasileiro pode se sentir no direito de não saber de nada, por mais que esse "nada" seja "tudo" o que acontece embaixo do próprio nariz!
Mas que o "eu não sabia" da Luana Piovani provoca MUITO mais divertimento do que o do Lula, isso provoca!!!!

Para ler necessariamente ouvindo "Vou deitar e rolar"

A dor nos ensina? Ensina o quê?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quando eu tinha 18 anos uma amiga estava sendo abordada por um ex-namorado que queria reatar o relacionamento passado. Lembro-me muito bem do que ela disse naquela ocasião: que as pessoas têm a tendência de esquecer as dores e guardar apenas as boas recordações de algo, o que faz com que haja sempre essa tendência de voltar ao passado.
Até hoje sou amiga desta "menina" e nunca me esqueço dessa idéia de que a nossa melancolia é fruto da incapacidade de guardar o sentimento da dor.

Uns meses atrás fui retocar minhas tatuagens. Eu já tinha tatuagem, sabia o quanto dói, mas no momento em que o tatuador começou a tatuar, de novo, pensei "Caralho! Não lembrava que isso dói tanto!". Agora, escrevendo isso, já não consigo "sentir" aquela dor, mesmo lembrando dela. Na verdade me lembro do que pensei no momento, é minha cabeça que lembra meu corpo de como é passar por mais uma sessão de agulhadas.

Comecei a pensar naquelas dores que a gente sente e que parecem mais fortes do que as passadas. Quando um amigo nos trai, quando pecebemos que aquela pessoa não era nossa amiga... Dói muito, parece que nunca sentimos dor deste tipo. Ainda chegamos a afirmar que dor de "amigo" é pior do que de "namorado". É?...
Mas quando chega ao fim um relacionamento... Quando sentimos uma dor de amor "qualquer", uma dor que parece nunca ter sido sentida. E chegamos a crer que nunca mais haverá dor igual.

É essa dor que qualifica o quão grande é esse amor partido. Se a dor é aguda, daquelas que sufoca, que explode em choro desesperado, no meio da rua, dentro do ônibus, comprando pãozinho... aí temos certeza de que o amor é tão intenso e grande e descontrolado quanto esta dor. E pensamos: nunca doeu tanto. Nunca amei tanto.
Mas os meses passam, o tempo passa, e um novo amor vem, e a regra é que ele virará outra dor - porque o amor é uma coincidência, como disse o Cazuza, não acontece sempre nem com todo mundo. E aí temos a reprise de sentimentos "inéditos".

Será que uma dor é diferente da outra, como cada amor é diferente do outro? Ou a dor é a mesma, visto que sou eu quem sinto?
A resposta não importa. Não importa como era "antes" e como será depois da dor. O que importa é o hoje, o agora. O que importa é que não adianta chorar... nada é capaz de sanar algumas dores, seja o cãozinho que se foi, o dedinho do pé que bate no canto da mesa, ou a dor da esperança que já não acorda mais conosco todas as manhãs.

Para ler ouvindo "Dores de Amores" - Zezé Motta & Luiz Melodia

Um dia - e uma vida - de trabalho

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Estava aqui sentada, em frente ao meu querido computador (sim! sou apegada aos meus aparelhos eletrônicos - notbook, iPod, minhas câmeras digitais...), pensando no que escrever e, ao mesmo tempo que muitas coisas passam pela minha cabeça, nada me parece digno de se tornar um post.

Aí, páro e penso: por que algo tem que ser digno? Por que algo tem que ser merecedor de vir a público num blog tão despretensioso, tão caseiro, um blog "de amigos"? Por que eu não me sinto a vontade de vir aqui e simplesmente choramingar porque tive um dia ruim, porque briguei com alguém importante, ou porque estou de TPM?

Nesses últimos 10 anos, desde que entrei pras Ciências Sociais e me reconheço como tal - afinal, como diria Weber, é preciso se reconhecer como perncente para fazer parte do tipo ideal - tenho que pensar no que digo, não posso NUNCA parecer burra, medíocre, não posso nem me dar ao "luxo" de ser normal. Posso dizer que assisto novela, desde que isso seja algo que mostre o quanto eu tenho personalidade forte. Posso dizer que sou religiosa, mas porque minha religião é o candomblé, o que já quase se caracteriza como uma contra-religião. Tenho que estar sempre sabendo o que está acontecendo no mundo, e o pior: ter uma opinião sobre isso.

Isso é muito cansativo, mas ontem, quando eu estava dando minha aulinha de sociologia, fui confrontada por um aluno. Ele não disse nada que me ofendesse, não baixou o nível ou coisa assim, mas, em meio ao meu raciocínio, ele sai com uma pergunta "cabeluda", que pouco tinha a ver com o que eu estava falando, mas era, claramente, uma maneira de "me pegar", de poder mostrar pro resto da sala que a professora não é "tão inteligente assim".
E o pior: eu não sabia a resposta! Enrolei... usei meus conhecimentos de geografia e história pra dizer que a pergunta era complexa e que teríamos que pensar em outros contextos socio-econômicos, e o cara se deu por satisfeito, com olhar tristonho por não ter me pego. E eu não fazia idéia do que eu tinha respondido. No final da aula, corri pro oráculo - google - e fiz uma breve pesquisa pra saber do que se tratava a pergunta do aluno e ví que eu tinha respondido certo....
Respirei aliviada e agradeci a esses 10 anos e aos tantos mestres das Ciências Sociais que nunca me deram a liberdade de ser mediana, de ser medíocre. É sempre bom poder sair por cima da carne fresca!

Mantra do dia: sempre tente olhar os outros de cima, mesmo que para isso seja necessário usar plataformas!

Homenagem ao "passar do tempo"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Por motivos óbvios, esta semana tenho pensado nos símbolos que envolvem a tradição de contar o tempo, a tradição de "fazer aniversário".
Aniversário é uma palavra latina que significa "aquilo que volta todos os anos". A tradição de receber visitas e presentes no dia do aniversário vem do Cristianismo. Relembra os primeiros presentes que Jesus recebeu dos Reis Magos e simboliza a renovação dos laços de afeto entre as pessoas.

Eu não gosto de comemorar meu aniversário, por mais que eu saiba de tudo isso. Mas não posso negar que ao longo desses 29 aniversários que me passaram, ganhei muitos presentes. Resolvi, então, homenagear alguns desses presentes que a vida me deu... e isso sim é motivo pra se comemorar, sempre!

Sem eles, minha existência inexistiria!

Aula de português para os males da vida

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


Metáfora: emprego de uma palavra em que a significação natural desta é substituída por outra, por virtude de relação de semelhança subentendida; sentido figurado; imagem; figura.

Eu adoro metáforas!
Mas eu gosto é das metáforas simples, quando eu posso dizer alguma coisa muito complicada usando uma bobagem como idéia. Pra mim, a metáfora nunca foi a matéria da aula de português que eu tinha que decorar porque ia cair na prova. Tinha o hipérbato, o polossíndeto, a elipse, aliteração e metonímia, mas nenhuma figura de linguagem fazia parte da minha vida. Só a metáfora.

Eu tive uma professora de literatura, a Lilian, que era genial. Ela ensinava a gente a olhar o mundo, a descobrir as coisas fora dos livros, mas junto com a beleza da poesia. Com ela aprendi amar Manuel Bandeira.
E quem não amaria um homem que consegue explicar a dor da rejeição de amar e não ser amado, desta maneira:


Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração eu tinha
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
(Porquinho da Índia)

E foi deste jeito que entendi o que é metáfora. Porque eu já sabia como era gostar de alguém, leva-la pros "lugares mais bonitos, mais limpinhos" e esta pessoa querer mesmo é "estar debaixo do fogão". Foi assim que eu comecei a ver que a natureza - o temporal que cai na praia quando você desceu doida pra pegar Sol - é uma metáfora da vida cotidiana.

O problema é que na escola não nos ensinam em forma de poesia o quanto as metáforas da vida podem ser amargas. Ensinam para gente, como diria Drummond a "procurar bem... a poesia (inexplicável) da vida". Mas não nos ensinam o que fazer se, mesmo procurando bem, a gente não encontra-la.

Mantra do dia: a felicidade não é apenas como a plantação de feijão, que a gente cultiva para colher, mas é como o petróleo, escondida, precisando ser procurada. E não é todo mundo que a encontra!