Amor não se pede - uma declaração de amor revoltado.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Post em homenagem a um grande amigo meu.
E pra quem mais precisar se lembrar disso...

Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo.
Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo: pularia pelada de bungee jump.
Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado! De qualquer país!

Mas amor não se pede!!!!!
Imagine só:
- Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso.
- Ei, seu velho, será que você pode me abraçar como se estivéssemos caindo de uma ponte porque eu estou aqui sem chão com sua presença? Não, você não pode dizer isso.
-
Ei, monstro do lixo, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não.

Amor não se pede, é uma pena.
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira.
É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos.
Mas você não pode, não. Eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema?

Mas amor, minha querida, não se pede. Dá raiva, eu sei.
Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto.
Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta.
Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo. Ele roubou sua leveza e agora você está vazia.
Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa.
É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida.
É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz.
Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado.
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar.
É triste lembrar como eu ria com ele.

Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Ele sabe, ele sabe.

Texto de Tatiane Bernardi.

Cinema, livro e música pra falar de amor

domingo, 7 de setembro de 2008

Depois de uma semana de resfriados e muito trabalho, resolvi ficar em casa no sábado à noite - trabalhando!
Enquanto trabalhava, o Iago ficou deitado na cama e a TV ligada no filme "Efeito Borboleta". O filme não tem nada de extraordinário e consegui acompanha-lo enquanto trabalhava e falava com o Iago... E ainda assim filosofei sobre o filme.

Quem já assistiu "Efeito Borboleta" vai entender rapidinho o que eu vou dizer. E quem não assistiu, também. O filme versa sobre a velha vontade da humanidade de mudar o futuro, mas para isso o filme muda o passado do personagem. Nada inédito, a trilogia "De volta para o futuro" já fez isso (e muitos outros também devem ter feito). Para a coisa ficar mais cult, o filme cria uma série de possibilidades de vida do personagem principal, ocasionadas por simples atitudes na infância, atitudes bobinhas de ir brincar na casa do amiguinho, ou não ir. De cometer uma infração inconseqüente quando adolescente, ou não cometer. Assim, o filme se aproxima da idéia de que um tufão pode se formar em decorrência do bater das asas de uma borboleta, do outro lado do mundo.

Mas duas são as coisas que me chamaram atenção no filme - duas coisas universais. A primeiras é a vontade incontrolável do homem de saber seu futuro, de conhece-lo, mas claro, para muda-lo.
É essa vontade que faz com que as pessoas procurem cartomantes, videntes, pagés, mães-de-santo... O homem quer saber o seu futuro, quer saber se vai realizar os desejos que tem no presente. Mas se fosse apenas curiosidade, as pessoas esperariam... mas não se pode esperar!!! É preciso saber agora o que vai acontecer, para poder mudar o futuro, caso ele não agrade. E por isso as sociedades modernas ocidentais não entendem nem o oriente e nem as sociedades tribais. Uma simples desconexão com relação a interpretação do tempo.
E pra quem é superior aos misticismos, a medicina tem feito a mesma coisa. É preciso saber se o feto que vai nascer daqui 9 meses tem algum problema, para que possamos arrumar tudo antes dele vir ao mundo. Assim, por alguns meses a mãe terá o filho que ela quis - e depois passará a vida inteira se frustando porque filho nenhum é exatamente o que os pais imaginaram!

Mas tem outra coisa no filme que me chamou atenção. O personagem principal muda o rumo da vida dele e dos que o cerca várias vezes, mas tendo como centro quase sempre a menina que ele gostou na infância. Sua vontade era deixar tudo perfeito para que no futuro eles tivessem uma vida feliz, mas o plano dele dá errado muitas vezes, até que ele encontra a solução: tirar a menina da vida dele, já na infância. E assim ele tira o amor da vida dele e com racionalidade ele acaba o filme, e bem!
E com esse discursinho pseudo-intelectual o filme coloca na cabeça de seus espectadores que todos seus problemas se resolveriam se não se perdesse a razão por amar alguém, quase um "Admirável Mundo Novo".

Não!!!! Eu não acho que se deva perder tempo com o filme... Melhor ler o "Admirável Mundo Novo", que com quase 80 anos de idade é muito melhor que o filme da borboleta, de 2004.
Mas, caro leitor, se alguma vez você for tomado por uma vontade de nunca ter amado alguém, como no filme "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças" (esse sim, excelente filme), escute TESTAMENTO, de Toquinho e Vinícius de Moraes, pelo menos dez vezes, antes de tomar qualquer decisão!!!!

Para conhecer a música, ou recorda-la: Youtube!!!!

Mantra do dia: Vinícius de Moraes pode ter insistido MUITO no erro se casando NOVE VEZES, mas ele ganhou muito dinheiro e se imortalizou com suas brincadeiras. Alguma coisa ele devia saber!